- Maman, qu'est que ce la langage?
- La langage c'est la maison où l'homme habite.
Este breve diálogo, que diríamos muito Heideggeriano, retirado do filme 2 ou 3 choses que je sais d'elle (1966), de Jean-Luc Godard, serve-nos como motivação para arrancarmos com esta 4ª sessão do ciclo de conversas Happy Hour. Neste filme, Godard considera que a linguagem de cada um é o seu mundo, e que o limite da linguagem de cada um é também o limite do mundo de cada um.
Para esta conversa, dedicada ao extenso tema da Linguagem, queremos, através dos contributos dos nossos dois convidados, Diogo Seixas Lopes e Nuno Crespo, e do público presente, espoletar algumas das questões que permanecem pertinentes em torno deste tema tão antigo e omnipresente na constante discussão e forma de abordar a arte.
Assim, entre muitos outros tópicos, pensar sobre arte e linguagem implica refletir sobre as linguagens da arte, a linguagem como forma artística, linguagem e criação, a forma da linguagem, a pluralização das linguagens, os jogos de linguagem, a experiência da linguagem, a linguagem e o pensamento, as imagens e a linguagem, o juízo da linguagem...
Estamos conscientes que particularizar, contextualizar e materializar a Linguagem numa hora é um desafio demasiado ambicioso. Ficaremos felizes se conseguirmos abrir, ainda, mais este tema, com novas questões.
Convidámos Diogo Seixas Lopes, arquitecto e professor universitário, investigador, autor e curador. E Nuno Crespo, professor universitário, investigador, crítico de arte e curador cuja atividade de investigação dedica-se ao cruzamento entre filosofia, arte e arquitetura. “Wittgenstein e a Estética”, recentemente publicada pela Assírio & Alvim, é uma versão da sua tese de doutoramento.
Ou seja, interessou-nos trazer os testemunhos de alguém que pensa sobre o que é a linguagem (para além de, também, a utilizar como expressão crítica, interpretativa ou de ensaio), e alguém, que usa a linguagem como forma de expressão, no sentido que a arquitetura é um diálogo com a cidade, com o quotidiano, com o nosso habitar – a arquitectura é expressão de pensamento, ou seja, de linguagem.
Nuno Crespo, pareceu adivinhar-nos, nesta procura de um lugar, ou dos lugares, para a Linguagem, quando nos enviou a questão que se propunha vir aqui desenvolver,
uma pergunta à qual não consigo responder: porque é que quando se pensa em arte se acaba sempre a pensar em linguagem?”
Nuno Crespo
Lisboa, 1975. É professor universitário, investigador e crítico de arte. Assinou a curadoria de diversas exposições de arte contemporânea e arquitectura e é autor de ensaios sobre arte e arquitectura. A sua actividade de investigação dedica-se ao cruzamento entre filosofia, arte e arquitectura. Wittgenstein e a Estética é a sua mais recente obra, publicada pela editora Assírio & Alvim.
Diogo Seixas Lopes
Lisboa, 1972. Arquitecto pela Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa (1996). Professor Auxiliar Convidado no Departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Doutorando no Instituto Federal Suíço de Tecnologia de Zurique. Bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação para a Ciência e Tecnologia e Centro Canadiano de Arquitectura. Foi um dos directores e editores da revistaPrototypo (1999–2004). Autor, com Nuno Cera, do livro Cimêncio (2003). Comissário das exposições Aires Mateus: Arquitectura, (2005) e Fronteiras: O Caso Novartis (2010). Trabalha como arquitecto em Lisboa, em parceria com Patrícia Barbas.
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